Reflexões, Devaneios e Loucuras

quarta-feira, agosto 30, 2006





















Fim-de-semana prolongado a bater à porta e...
finalmente marquei as minhas férias!!!
Ufa, custou mas foi :)))

domingo, agosto 27, 2006





















Engane-se quem pensa que fui de férias e não avisei. A ausência de posts é derivada por outros motivos.

O lema profissional aplicou-se ao pessoal e tenho seguido o que sinto. Semi-cerrei os olhos para o mundo e ouvi o meu interior.

E sem dar conta, o tempo passou-se...

Há loucuras e loucuras... as minhas têm sido sãs e gratificantes. Palavras provocaram acções , acções provocaram reações e reacções provocaram palavras e acções.

E numa altura que eu pensava ser de início de estabilidade, a balança voltou a desiquilibrar. Mas o mais surpreendente é que não posso deixar de gostar de estar como estou. E penso que isso é o mais importante, o eu sentir-me bem comigo mesma.

As boas notícias não correm tão depressa como as más mas acontecem no timing certo!

E agora... é virar a ampulheta e deixar a areia continuar o seu rumo :)

terça-feira, agosto 08, 2006

E foi assim que eles abraçaram a nova vida que se lhes apresentava à frente: mão na mão, lado a lado, questões esclarecidas, conflitos ultrapassados... à beira-mar, sob o sorriso da lua e a benção das águas...

Fim


Miguel gravou o texto, copiou-o para o cd e enviou um e-mail ao seu editor: "Acabei".

Levantou-se. Suspirou ao pensar no que tinha acabado de escrever. Eternas palavras que não passavam somente disso para ele, palavras de amor, de utopia, de uma ilusão que tanto ansiava sentir e viver. Tanto escrevera sobre amor ...

Sacudiu a cabeça, afastando os pensamentos. De pé junto à janela, vislumbrava a diversa felicidade em ameno passeio, usufruindo da bela noite veranil oferecida. Nunca o parque lhe parecera tanto um cemitério, cheio de lembranças fulvas gélicas.

Pela terceira vez naquela noite cumprimentou o amigo Beirão, salpicando-o com 3 pedras de gelo. Refastelou-se no sofá e iniciou a fastidiosa tarefa do zapping na Tv.

Nada, niente, rien de rien, nothing at all se aproveitava na programação. Estagnou no Hollywood, perante "As palavras que nunca te direi" e soltou uma terrífica gargalhada.

Estava prestes a acender um cigarro quando o telemóvel tocou.

Ficou indeciso ao ver o nº. Far-lhe-ia bem desabafar com ela, ouvir palavras sábias e amigas, mas precisava de ter um sério tête-à-tête com a sua própria massa cinzenta. Estava recluso nas suas masmorras há alguns dias, adiando intemporalmente a organização de seus sentimentos em prol do término do seu novo romance com prazo de entrega ligeiramente ultrapassado.

Deu um gole e acendeu o cigarro ao som do interminável toque de chamada. Fechou os olhos e permitiu-se recordar, com a ajuda do amigo, os últimos momentos da sua vida...

Subitamente ergueu-se, foi directo à porta de casa, deu duas voltas à chave, abriu a porta, desceu as escadas, saiu do prédio e sonambulamente caminhou em direcção ao parque. Passou pelo banco com o sem-abrigo a chorar, passou pelo cão desconfiado e chegou à vedação do rio. Saltou a vedação e deixou o desiquilíbrio tomar conta dele...

"Meu filho, atende por favor! Não me deixes nesta angústia sem saber como estás! A vida continua, meu flho! Não me deixes assim... eu preciso de saber como estás, és o meu único filho, não tenho mais ninguém nesta vida!Atende, por amor de Deus!".

Equilibrou-se perante a memória das chorosas palavras de sua mãe deixadas à pouco no gravador, repetições de letras e sons em tom preocupado deixadas várias vezes por diversas pessoas ao longo dos últimos dias. Não seria justo para ela... não seria justo para quem ficava cá... não estava a ser justo para com ele próprio...

Ele sempre fora forte, sempre fora independente mas a inesperada e funesta perca dela tinha-o abalado mais do que poderia imaginar. Nunca mais iria senti-la, nunca mais iria acariciá-la, ouvir o doce tom de sua voz, rir, discutir, fazer amor, aparvalhar, ralhar, chorar, criticar, elogiar... não iria poder fazer mais nada com ela, NADA!!!

Tanta coisa por dizer, tanta coisa por fazer, tantos planos esfumantes... Tudo perdido por um momento de negligência e pura estupidez embriagante. Não perdoava a maldita dor de cabeça que o impedira de conduzir naquele dia. Seria ele agora quem estaria no lugar dela, naquele pedaço térreo ainda florido. As mazelas irremediáveis assolaram ambos os condutores. E ele... uma dor de cabeça e um torcicolo... e um resto de vida sem brilho e a preto e branco...

Soluçou compulsivamente pela 1ª vez em quinze dias passados e ouviu o turbilhão de sentimentos em plena assembleia política. De lágrimas deslizantes pelo rosto, olhou desesperado para o céu procurando a face dela mas só fechando os olhos ele a viu. Respirou fundo, tirou a aliança do dedo e com um último beijo arremeteu-a para as águas.

Finalmente encarava os factos: ela estava morta! E ele não podia fazer nada contra isso. De que lhe valia o suicídio? Sempre brincara que o Inferno era aqui na terra e agora, era tempo de ele o viver, era tempo de encarar a realidade, era tempo... de dar tempo ao tempo...